30 de julho de 2023

“Sou negra há menos de um ano. Antes, era morena.” – Bianca Santana

Por Felipe Maciel

“Como me descobri negra”, de Bianca Santana, traz a força de um despertar de consciência e apresenta reflexões contundentes sobre a construção de identidade individual e coletiva. A partir de sua experiência, a autora compartilha seu processo contínuo de rompimento de imposições sobre a própria negritude.

Um livro pequenino e de leitura ágil, mas imenso na maneira como trata de temas como racismo estrutural, luta antirracista, autoaceitação, desconstrução de padrões estéticos e a apropriação do próprio corpo.

“Sou negra há menos de um ano. Antes, era morena. Minha cor era praticamente travessura do sol. Era morena para as professoras do colégio católico, coleguinhas — que talvez não tomassem tanto sol — e para toda a família que nunca gostou do assunto. ‘Mas a vó não é descendente de escravos?’, eu insistia em perguntar.”, reflete a autora no livro.

Publicado originalmente em 2015, o livro acaba de ganhar uma nova edição revista e atualizada pela Fósforo. Passados oito anos, a autora observa mudanças importantes neste período ocorridas na sociedade brasileira que passa a questionar o mito da democracia racial, que ofuscava a violência da desigualdade racial a partir da ideia do convívio harmonioso entre negros e brancos.

Usar um turbante com cores vibrantes pela primeira vez, sentir o vento balançar os cabelos sem o peso dos produtos químicos, reconhecer nos filhos os traços da ancestralidade. Eis alguns dos temas que Bianca Santana expurga no encontro com sua negritude em Quando me descobri negra. Muito mais do que um relato pessoal, Bianca Santana convoca os leitores a um mergulho em busca do pertencimento de si.


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