Autora de “Dilermando, o cão”, Julia Wähmann comenta a história real de um cachorro abandonado que inspirou seu primeiro livro para crianças.
Por Felipe Maciel
Recém-publicado pela Editora Elo, “Dilermando, o cão”, livro infantil de Julia Wähmann, com ilustrações de Rafa Antón, aborda de forma divertida e amorosa a história de um cachorro abandonado que encanta uma comunidade – e toca o coração, em especial, de duas vizinhas de bairro, que acabam se aproximando para oferecer carinho e proteção ao bichinho vulnerável.
A obra, inspirada em um fato verídico vivido pela autora, fala de afeto, empatia e de como o senso de colaboração pode ser transformador. Dilermando movimentou o bairro carioca do Horto e cativou a todos com seu carisma e brejeirice. O grupo de WhatsApp da rua se mobilizou para buscar um lar para o cachorro, após encontrá-lo amarrado a um poste.
Os dias passaram e o novo lar não apareceu. A solução, um tanto inusitada, foi dividir a guarda do cão carismático e bagunceiro entre duas meninas que moravam na mesma rua e mal se conheciam. E, assim, Dilermando encontrou sua família com “duas mães”, que passaram a compartilhar o amor e os afazeres do cachorro travesso.
“O mais bacana foi construir tudo isso com afeto, alegria e, claro, algumas confusões que sempre se resolvem. O livro reflete essa experiência da amizade, da responsabilidade de cuidar do outro – seja gente ou bicho. Quando todos se comprometem, acaba dando tudo certo”, reflete Julia.
Conversamos coma autora sobre os bastidores do processo de criação do livro. Confira a seguir:
- “Dilermando, o cão” é seu primeiro livro infantil. Como surgiu a ideia de escrever esta história para crianças? Para qual faixa etária o livro se destina?
A ideia surgiu depois que eu e minha vizinha Nana decidimos adotar um cachorro que tinha sido abandonado no nosso bairro. Sempre tive cachorros, herdei essa paixão pelos bichos da minha mãe. Quando encontramos o Dilermando, que ainda não tinha esse nome, pensamos em procurar alguém que pudesse ficar com ele, mas acabamos nos encantando com o cão, e ele foi ficando. E ao mesmo tempo em que ele foi ficando, a Nana e eu nos tornamos grandes amigas, nos revezando nos cuidados com ele. A Lucia Riff, minha agente literária, que sempre ouvia as histórias sobre o Diler (esse é o apelido dele!), achou que isso poderia render um livro pra crianças, e eu topei a aventura, mesmo sem nunca ter escrito pra esse público. Acho que as crianças a partir de 6 anos, com o auxílio de leitores adultos, se divertem com o livro. E as crianças de 8 a 10 anos, que já leem com mais autonomia, também!
- Como foi a sua experiência para criar este livro? É mais difícil escrever para o público infantil? Como foi o processo de trabalho com o Rafa Antón, ilustrador do livro?
A experiência foi ótima! Da primeira versão até o formato final contei com algumas leituras e sugestões – da própria Lucia, da Eugenia Ribas-Vieira, também agente na Riff. Outras dicas e observações preciosas vieram de crianças próximas que leram os primeiros esboços do livro, foi um barato poder testar e ir ajustando alguns aspectos da narrativa. O Rafa Antón, ilustrador talentoso de muitos outros trabalhos, foi ideia da Cecilia Bassarani, editora da Elo, que publicou o livro. Logo me encantei pelos desenhos do Rafa, que já tinha no seu portfólio algumas ilustrações de cães, gatos e outros bichos, sempre muito expressivos e engraçados. Gostei muito do resultado, dos cenários que o Rafa criou, das duas meninas que cuidam do Dilermando. As ilustrações do Rafa dão vida a tantos detalhes da história, e acho que todo mundo já se apaixona pelo Dilermando ao ver aqueles olhinhos cheios de ternura da capa!
- A história do livro é inspirada em episódios reais. Como é a rotina de compartilhar a guarda de um cachorro? Dilermando se adaptou bem com o fato de ter duas casas?
Dilermando se adaptou bem! Fomos encontrando, juntas, a rotina, adaptando a guarda às nossas dinâmicas de trabalho etc. Hoje ele passa mais tempo na casa de uma, mas a outra está sempre a postos pra qualquer necessidade, e nos fins de semana, ou quando uma de nós viaja, ele se muda pra uma temporada mais longa. O mais bacana foi construir tudo isso com afeto, alegria e, claro, algumas confusões que sempre se resolvem. O livro reflete essa experiência da amizade, da responsabilidade de cuidar do outro – seja gente ou bicho. Quando todos se comprometem, acaba dando tudo certo!