Sobre o autor
O jornalista Sérgio Porto é a cara da boemia e do estilo irreverente do Rio de Janeiro. Carioca de Copacabana, nasceu em 1923 e morreu na mesma cidade em 1968, quatro meses antes da promulgação do AI-5 pela ditadura militar. Dono de um estilo satírico e sarcástico, foi cronista, radialista, homem de TV e compositor, e tornou-se conhecido nacionalmente pelo heterônimo Stanislaw Ponte Preta. Escreveu coletâneas de crônicas e artigos sobre futebol, além do clássico Febeapá, um conjunto de textos que, publicados em plena ditadura, satirizavam os despautérios dos militares no poder.
Começou sua carreira jornalística no final dos anos 40, trabalhando em revistas como Sombra e Manchete e os jornais Última Hora, Tribuna da Imprensa e Diário Carioca. Criou em 1951, quando atuava no Diário Carioca, o célebre personagem Stanislaw Ponte Preta, inspirado em Serafim Ponte Grande, de Oswald de Andrade, com o qual destilava críticas ácidas ao regime militar. Durante sua trajetória, Sérgio Porto se valeu desse heterônimo para publicar livros como Tia Zumira e eu, Primo Altamirando e elas e O garoto linha dura.
Porto também contribuiu com publicações sobre música e escreveu shows musicais para boates, além de compor a música Samba do crioulo doido para o teatro rebolado. Foi o criador e produtor do concurso de beleza As certinhas do Lalau, onde figuravam, entre outras, as vedetes Anilza Leoni, Diana Morel, Rose Rondelli e Maria Pompeo. Profundo conhecedor de Música Popular Brasileira e jazz, definia a verdadeira MPB pela sigla MPBB – Música Popular Bem Brasileira.
Era boêmio, de um admirável senso de humor e sua aparência, de homem sisudo, escondia um intelectual peculiar, capaz de fazer piadas corrosivas contra o moralismo social vigente. É também de sua autoria As cariocas, obra que reúne seis novelas curtas e que voltou a ganhar projeção nacional após a versão televisiva produzida pela Rede Globo.
Citações
“O velho Febeapá (Festival de Besteiras que Assola o País), registrado por Stanislaw Ponte Preta em seguida ao golpe de 1964, parece pouco em comparação com a patetice reinante.”
Marcelo Coelho, colunista da Folha de S. Paulo, sobre Febeapá
“Recém-reeditado, ‘Febeapá’ reúne mais de 250 casos registrados em três livros publicados entre 1966 e 1968. A diversidade de abordagens e, sobretudo, o estilo de Stanislaw Ponte Preta permitem que o leitor percorra suas páginas dando um sorriso discreto aqui, uma gargalhada estrondosa ali.”
Alvaro Costa e Silva, jornalista, escritor e colunista da Folha de S. Paulo, sobre Febeapá
“Publicado em 1964, ‘Garoto linha dura’ foi um ponto de inflexão (que naquela época ainda era turning point mesmo) na carreira de Sérgio e seu heterônimo. Já nos dava um retrato acurado do ambiente de censura, alcaguetagem, adesismo e perseguição política impostos pela ‘redentora’ (a debochada alcunha que Lalau pespegou no golpe militar), exponencialmente ampliado no antológico besteirol que tanta fama daria ao autor, nas páginas do jornal Última Hora.”
Sérgio Augusto, escritor, jornalista e colunista do Estadão, sobre Garoto linha dura
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Artigo da Folha de S. Paulo sobre a personalidade de Sérgio Porto