Rachel de Queiroz

Sobre a autora

A vida e a obra de Rachel de Queiroz foram marcadas pelo pioneirismo. Uma das precursoras do romance regionalista nordestino, que influenciou toda uma geração de escritores, a autora lançou em 1930, aos 20 anos, o romance O quinze (José Olympio), que lhe rendeu o reconhecimento em todo o país e elogios de Augusto Frederico Schmidt e Mário de Andrade. Em 1977, foi a primeira mulher eleita para a Academia Brasileira de Letras. E, aos 83 anos, recebeu o Prêmio Camões de Literatura. Mais uma vez, Rachel de Queiroz abria um precedente. Nunca antes uma escritora recebera o mais prestigioso prêmio em língua portuguesa pelo reconhecimento a seu ofício.

Nascida em Fortaleza, no Ceará, em 1910, passou seus primeiros anos na fazenda de seus pais, mas logo voltou a viver na capital cearense. Em 1917, foi com a família para o Rio de Janeiro e, no mesmo ano, para Belém, fugindo da terrível seca de 1915, que, mais tarde, serviria de inspiração para o seu primeiro romance. Politizada desde a juventude, em uma época em que as mulheres ainda lutavam pelo direito ao voto, participou do movimento comunista do qual se afastou definitivamente em 1940, após sofrer censura do Partido Comunista e se desiludir com o rumo das esquerdas no mundo.

O traço mais marcante da personalidade da escritora foi provavelmente a coragem e a firmeza com que sempre defendeu seu ponto de vista e posições políticas. Fichada pela polícia de Getúlio Vargas em 1932 e presa durante o Estado Novo, Rachel de Queiroz tornou-se antigetulista convicta e opôs-se com igual veemência a João Goulart e Leonel Brizola, afilhados políticos do getulismo. Como jornalista e cronista, colaborou para diversas publicações, entre elas a revista Cruzeiro, onde assinou por muitos anos uma coluna de grande prestígio. Foi também autora de peças teatrais, livros infantis e de traduções impecáveis de Dostoievski, Tolstoi, Emily Brontë, entre outros. Sua obra, extensamente premiada, foi publicada em diversos países, como Alemanha, França, Itália e México.

Nos anos 1930, escreveu quatro romances. Na década de 50, publicou a ficção Galo de ouro; todos eles reeditados nos anos 2000 pela José Olympio. Nas décadas seguintes, dedicou-se a escrever contos, crônicas, poesia, peças de teatro e livros infantis. O longo jejum da prosa extensa foi interrompido em 1975 com o livro Dora, Doralina. Seu último romance, Memorial de Maria Moura, de 1992, narra a saga de uma menina de boa família que se transforma numa guerreira destemida. Sucesso instantâneo, o livro ganhou uma bem-sucedida adaptação para a televisão, protagonizada por Gloria Pires. A escritora morreu no Rio de Janeiro, em 2003, aos 93 anos. Sem nunca ter encampado a causa feminista, entrou para a história por sua capacidade de desbravar caminhos nunca antes trilhados pelas mulheres no Brasil.

 


 

Citações

“Uma garota assim fazer romance.”
Graciliano Ramos, escritor, sobre O quinze (José Olympio)

“O que mais surpreende mais é justamente isso: tanta literatice inicial se soverter de repente, e a moça vir saindo com um livro humano, uma seca de verdade, sem exagero, sem sonoridade, uma seca seca, pura, destestável, medonha.”
Mário de Andrade, poeta, romancista, crítico literário, sobre O quinze (José Olympio)

“Acabo, agora mesmo, de ler um romance e não resisto à tentação de sobre ele dizer algo, de comunicar o entusiasmo de quem estou possuído, de chamar a atenção para um livro que vem revelar a existência de um grande escritor brasileiro, inteiramente desconhecido. Grande escritor que é uma mulher, incrivelmente jovem. Refiro-me ao ‘O quinze’, de Rachel de Queiroz.”
Augusto Frederico Schmidt, poeta e crítico literário, sobre O quinze (José Olympio)

”Como sua criadora incomparável, ela, Maria Moura, é um clássico.”
Lêdo Ivo, poeta, romancista, cronista, contista e jornalista, sobre Memorial de Maria Moura (José Olympio)

 


 

Leia mais

Resenha de O quinze (José Olympio) no Portal da Fundação Yedda e Augusto Frederico Schmidt

Perfil biográfico de Rachel de Queiroz no Blog da TAG


Share

Vídeos

  • Memorial de Maria Moura
    Romance
    504 págs, 1992/2004/2021, José Olympio.
  • Dora, Doralina
    Romance
    432 págs, 1975/2005/2017/2020, José Olympio.
  • O Menino Mágico
    Infantil e Juvenil
    112 págs, 1969/2004/2022, José Olympio.
  • Falso Mar, Falso Mundo
    Contos e Crônicas
    288 págs, 2002/prelo, José Olympio.
  • As Três Marias
    Romance
    256 págs, 1939/2005/2019, José Olympio.
  • O Quinze
    Romance
    208 págs, 1930/2004/2016, José Olympio.
  • Andira
    Infantil e Juvenil
    64 págs, 1992/2004/2014, José Olympio.
  • O Nosso Ceará
    História e Reportagem
    108 págs, 2012, Armazém da Cultura.
  • Cafute & Pena-de-Prata
    Infantil e Juvenil
    28 págs, 1986/2004/2012, José Olympio.
  • Pedra Encantada
    Contos e Crônicas
    160 págs, 2001/2011, José Olympio.
  • Mandacaru
    Poesia
    160 págs, 2010, IMS.
  • Serenata
    Poesia
    128 págs, 2010, Armazém da Cultura.
  • Tantos Anos
    Biografia e Memórias
    296 págs, 2010, José Olympio.
  • O não me deixes
    Biografia e Memórias
    116 págs, 2000/2010, José Olympio.
  • Do Nordeste ao Infinito
    Contos e Crônicas
    201 págs, 2010, Edições Demócrito Rocha.
  • A Lua de Londres
    Contos e Crônicas
    196 págs, 2010, Edições Demócrito Rocha.
  • Memorial de Maria Moura ( edição de bolso)
    Romance
    490 págs, 2010, Best Seller.
  • A Casa do Morro Branco
    Contos e Crônicas
    158 págs, 1999/2008, José Olympio.
  • Caminho de Pedras
    Romance
    160 págs, 1937/2004/2008, José Olympio.
  • Existe Outra Saída, Sim
    Contos e Crônicas
    126 págs, 2003/2007, Edições Demócrito Rocha.
  • 100 Crônicas Escolhidas: Um Alpendre, uma Rede, um Açude
    Contos e Crônicas
    416 págs, 1958/2006/2021, José Olympio.
  • Lampião – A Beata Maria do Egito
    Saúde e Teatro, Cinema e TV
    202 págs, 1953/2005, José Olympio.
  • Melhores Crônicas
    Contos e Crônicas
    322 págs, 2004, Global.
  • O Galo de Ouro
    Romance
    336 págs, 1950/2004, José Olympio.
  • João Miguel
    Romance
    160 págs, 1932/2004, José Olympio.
  • Memórias de Menina
    Infantil e Juvenil
    32 págs, 2003, José Olympio.
  • Xerimbabo
    Infantil e Juvenil
    40 págs, 2002, José Olympio.
  • Cenas Brasileiras
    Contos e Crônicas
    128 págs, 1997/2002, Ática.
  • As Terras Ásperas
    Contos e Crônicas
    205 págs, 1993/1997, Siciliano (dir.revertidos).
  • O Homem e o Tempo
    Contos e Crônicas
    189 págs, 1964/1995, Siciliano (dir.revertidos).
  • O Caçador de Tatu
    Contos e Crônicas
    146 págs, 1967/1994, Siciliano (dir.revertidos).
  • A Donzela e a Moura Torta
    Contos e Crônicas
    1 págs, 1948, José Olympio.