Otto Lara Resende

Sobre o autor

Otto Lara Resende nasceu em São João del-Rei, Minas Gerais, em 1922, sendo o quarto dos 20 filhos do professor de português Antônio Lara Resende e de Maria Julieta de Oliveira. Formado em Direito, exerceu várias profissões, incluindo o cargo de adido cultural nas embaixadas do Brasil em Bruxelas e em Lisboa. O jornalista iniciou sua carreira em 1939, escrevendo para o jornal mineiro O Diário. Alguns anos depois, assumiu o cargo de editor do suplemento literário da Folha de Minas. Ao se mudar para o Rio de Janeiro em 1945, trabalhou no Diário de Notícias, O Globo, Correio da Manhã, Tribuna da Imprensa e Última Hora.

Foi diretor do Jornal do Brasil, da revista Manchete e da Rede Globo, onde apresentou nos anos 60 o programa O pequeno mundo de Otto Lara Resende e, na década seguinte, comandou o Jornal Painel, em que entrevistava grandes personalidades da arte e da política. Como articulista da Folha de S. Paulo, onde integrou o Conselho Editorial do jornal, Lara Resende escreveu cerca de 600 crônicas diárias sobre as mais diversas temáticas, posteriormente compiladas no livro Bom dia para nascer, que ganhou uma reedição em 2011 pela Companhia das Letras.

Casou-se, em 1948, com Helena Uchoa Pinheiro, neta de João Pinheiro, então governador de Minas Gerais, com quem teve quatro filhos. Sempre próximo dos amigos que conquistou ao longo da vida, como, por exemplo, o escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues, é de sua autoria a alcunha “os cavaleiros de um íntimo apocalipse”, denominação que tornou célebre o quarteto de intelectuais mineiros formado ainda por Fernando Sabino, Hélio Pellegrino e Paulo Mendes Campos, amigos desde a década de 40, quando moravam na capital mineira.

Autor de uma obra literária enxuta, mas expressiva, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1979. Seu primeiro livro, a coletânea de contos O lado humano, saiu em 1952. Depois vieram A boca do inferno, livro de 1957 atualmente publicado pela Companhia das Letras, e O retrato na gaveta, de 1962. No ano seguinte, lançou seu único romance, o drama O braço direito, e, em 1975, As pompas do mundo (Rocco). Anos mais tarde, escreveu O elo partido e outras histórias (Ática). “Tenho horror à morte. Horror. Adoro a vida, não quero me despedir dela tão cedo. (…) Sou de uma família longeva. Meu pai morreu com 94 anos. Espero ultrapassá-lo.” Tal façanha não aconteceu. Lara Resende viria a falecer aos 70 anos no Rio de Janeiro, em 1992.

Citações

“Os perfis de ‘O príncipe e o sabiá’ (o título vem do texto dedicado a Rubem Braga) alcançam o objetivo de nos apresentar com encanto e argúcia a alguns dos protagonistas do século 20 brasileiro — e cumprem a promessa de iluminar indiretamente o sujeito que os escreve.”
Folha de S. Paulo, sobre O príncipe e o sabiá (Companhia das Letras)

“A grande obra de Otto Lara Resende é a conversa; deviam pôr um taquígrafo andando atrás dele e vender suas anotações em uma loja.”
Nelson Rodrigues, jornalistas, escritor e dramaturgo, sobre Otto Lara Resende

“Homem também das cartas, foi um dos mais “fulgurantes corações epistolares do Brasil”, como disse seu amigo Armando Nogueira. Quem teve a sorte de receber correspondência de Otto Lara Resende sabe o quanto ele registrava ali seus extraordinários dotes de oratória e sua visão de mundo.”
Site do IMS, sobre Otto Lara Resende

“O livro, lançado em 1957, teve reação negativa da crítica e dos intelectuais da época (…) Em 1998, seis anos depois da morte do contista, o volume ganhou nova edição. A repercussão foi outra: tratava-se de obra-prima dada à luz antes do tempo, o que explicava a rejeição emocional.”
Estado de Minas, sobre Boca do inferno (Companhia das Letras)