Sobre o autor
Rubem Fonseca reinventou a literatura noir no Brasil, ao mesmo tempo clássica e pop, brutalista e sutil. O escritor nasceu em Juiz de Fora, na Zona da Mata Mineira, em 1925, e morou no Rio de Janeiro até sua morte em 2020. Formado em Direito, exerceu várias atividades profissionais antes de enveredar para as letras, como contista, romancista, ensaísta e roteirista. Seus primeiros livros –, Os prisioneiros (1963), A coleira do cão (1965) e Lúcia McCartney (1967) – todos de contos, bastariam para que fosse consagrado como um dos mais originais prosadores brasileiros.
Sobre seus primeiros livros, o crítico Wilson Martins escreveu, em 1966, no jornal O Estado de São Paulo: “Sr. Rubem Fonseca vence brilhantemente a prova do segundo livro (…) a literatura brasileira ganhou um dos seus escritores mais importantes”. O escritor Sérgio Sant’Anna também se expressou sobre o impacto diante da inventividade de Fonseca. “É o mais importante livro de ficção brasileira dos últimos anos.”, a frase de resume a força do lançamento de Lúcia McCartney.
Depois vieram outras obras-primas, entre elas A Grande Arte, que apresentou o célebre personagem Mandrake, Bufo & Spallanzani e Agosto. Seu primeiro romance, O caso Morel, de 1973, foi um marco na literatura policial. Em Agosto, de 1990, misturou ficção e realidade para dissecar o atentado frustrado contra Carlos Lacerda. O livro foi um sucesso de público e crítica e deu origem à minissérie homônima, da Rede Globo. Rubem Fonseca foi, aliás, um dos autores brasileiros que mais teve adaptações de sua obra para o cinema, o teatro e a televisão.
Com uma carreira literária de sucesso consolidada, construída ao longo de mais de cinco décadas, vencedor do Prêmio Camões, do Prêmio Juan Rulfo e do Jabuti por cinco vezes, entre vários outros, Fonseca criou um estilo próprio, marcado pela violência, o erotismo e a narrativa veloz. Um clássico!
Citações
“Desde os primeiros livros de contos, publicados na década de 1960, é através do trabalho sutil com o ponto de vista que Rubem Fonseca nos surpreende, embora sua obra gire obsessivamente em torno do mesmo tema, desdobrado em múltiplas faces: o da verdade como ilusão retórica. Não é por acaso que um dos personagens recorrentes no universo ficcional do autor seja Mandrake, ilusionista da palavra, assim como o outro Mandrake, o das histórias em quadrinhos, é um mestre da prestidigitação, um ilusionista do olhar.”
O Globo, sobre O seminarista (Editora Agir)
“Fixo-me em ‘Feliz ano novo’, o conto que empresta título ao já lendário livro que Rubem Fonseca, cuja obra vem sendo relançada pela editora Agir, publicou em 1975. Não só, provavelmente, é o mais cruel relato da coletânea, mas uma das narrativas mais violentas produzidas pela literatura brasileira dos anos 1970. O conto guarda uma estranha síntese dos métodos da ditadura, que se espalharam pela entranhas da sociedade brasileira na ordem de uma peste.”
José Castello, crítico literário, sobre a reedição de Feliz ano novo (Editora Agir)
“Sempre li e continuo a ler autores brasileiros, isso para não falar na música popular brasileira, que é uma influência enorme, está em todos os meus livros. Fui tão influenciado pelo Rubem Fonseca quanto pelo Chico Buarque – o Chico Buarque compositor – ou pelo Caetano Veloso.”
José Agualusa, escritor angolano, sobre suas referências culturais no Brasil
“Já em sua segunda reunião, ‘Os Prisioneiros’ (1963), aparecia o conto miniaturizado, que iria se fazer presente em quase todos os livros posteriores, embora essa estrutura esteja mais bem representada em “Lúcia McCartney” (1969), verdadeiro catálogo de inovações formais, ponto alto da contística ocidental contemporânea, em que a experimentação estética tem função de crítica social.”
Miguel Sanches Neto, escritor, em resenha para o Valor Econômico
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