Por Felipe Maciel
Poucos poetas brasileiros alcançaram a notoriedade e o sucesso popular como Mario Quintana. O “poeta das coisas simples”, no entanto, era um escritor multifacetado e se sobressaiu também como cronista, tradutor e jornalista.
Avesso à máquina de escrever, preferia a intimidade direta com o papel e colecionou dezenas de cadernos em que fermentavam aforismos, muitos deles posteriormente reunidos em livros. Em sua poesia, transparece da mesma maneira o modo como encarava a própria existência: “Uma vida não basta apenas ser vivida: também precisa ser sonhada.”
Sua obra passou por três reedições integrais em menos de 15 anos. Em 2005, a Globo reeditou seus livros, e a Nova Aguilar colocou no mercado sua Poesia Completa em um único volume. Ambos os empreendimentos foram comandados pela professora Tania Franco Carvalhal. A partir de 2012, um novo projeto de reedição, desta vez para o selo Alfaguara, foi elaborado pelo poeta e acadêmico Italo Moriconi, também autor de uma antologia da obra.
Não se casou, não teve filhos, tampouco se deixou fascinar por qualquer apego material. A aparente simplicidade de sua poesia vivida, porém, resultava de um trabalho minucioso, digno de um artesão da palavra: “É preciso escrever um poema várias vezes para que dê a impressão de que foi escrito pela primeira vez.”, sintetizou Mario Quintana.