Premiado com o Jabuti de Melhor Romance de 1987, “Luísa (quase uma história de amor)” ganha nova edição pela editora Instante.
Por Felipe Maciel
Primeiro romance de Maria Adelaide Amaral, “Luísa (quase uma história de amor)” é o retrato de uma geração que acreditou ser possível mudar o mundo. Publicada originalmente em 1986, a obra venceu o Prêmio Jabuti de Melhor Obra de Ficção no ano seguinte e ganha, agora, nova edição pela Instante, que inclui uma nota inédita da autora e um texto de apresentação de Caio Fernando Abreu.
Vencedor do Prêmio Jabuti de Melhor Obra de Ficção de 1987, “Luísa” apresenta uma história com foco narrativo múltiplo, contada por cinco narradores, que se complementam para contar a história da personagem-título: Raul, o amigo homossexual; Rogério, o ex-chefe apaixonado e fetichista; Sérgio, o ex-amante; Marga, a amiga militante e idealista, e Mário, o ex-marido. Por meio de impressões e memórias dos narradores, o leitor é apresentado à Luísa, uma figura intrigante e fascinante, que desperta paixões, amizades e inimizades.
Além disso, o romance é um retrato vívido e complexo da vida em São Paulo durante a repressão. O texto apresenta, com isso, a subjetividade política e intelectual dos que, de alguma maneira, participaram da luta contra a ditadura ou a apoiaram. E pode também ser lido como um retrato de uma geração em crise.
Maria Adelaide já era consagrada no teatro quando estreou na literatura. Sua carreira na dramaturgia teve início em 1975, e várias de suas peças foram agraciadas com os prêmios Molière, Mambembe e Apetesp, como “De braços abertos” (1984), que venceu os três em mais de uma categoria. Trabalhou na TV Globo por 32 anos, onde foi autora de minisséries e novelas de grande sucesso. Com uma obra rica, integra a Academia Paulista de Letras desde 2019.