Em novo livro, Antonio Pratareúne uma seleção de crônicas que reflete sobre a crise democrática brasileira e ascensão da extrema-direita.
Por João Schlaepfer
“Tem um arco narrativo de 2013 para cá, então eu peguei as crônicas mais evidentemente políticas, que falam de uma política institucional, e fui selecionando as que faziam mais sentido e as que estavam mais bem escritas retratando eventos importantes.”
Assim Antonio Prata sintetiza o tema de seu novo livro “Por quem as panelas batem” (Companhia das Letras) para o jornal Folha de S. Paulo, veículo em que assina uma coluna semanal.
Coleção de 60 crônicas políticas escritas entre 2013 e 2021, os textos são uma espécie de “diário da queda”, segundo Prata. E segue: os textos oferecem “um olhar pessoal, subjetivo, com todos os recortes, vantagens e limitações do ponto em que me encontro no tecido social”.
Com o tom perspicaz e a visão do experiente roteirista, a crítica política sai do pedestal e flerta com o bom papo de botequim – mas nada de discussão rasa. Com a benesse do distanciamento temporal, o passado recente sobressalta e o relevo da nossa sociedade ganha camadas mais complexas.
O pavor pessimista. O ceticismo desesperançoso. A crença no fim dos descalabros. Está tudo lá, coabitando nosso pensamento, com a boa leitura do “grunhido do velho mundo, agonizante, sendo arrastado para o passado”.