Poesia, teatro, haicais, artes visuais, aforismos e traduções: A obra atemporal de um artista sui generis
Por Felipe Maciel
O Guru do Méier, Vão Gogo ou, simplesmente, Millôr Fernandes completaria hoje 100 anos.
Entre tantos predicados – jornalista, desenhista, artista plástico, tradutor, poeta, frasista e dramaturgo –, é difícil apontar em qual habilidade se sobressaiu. Millôr conseguiu a proeza de se destacar em todas elas. Nem assim se levava muito a sério, pois negava ter uma obra: “É coisa de pedreiro”, dizia, com humor habitual.
Talvez, para o próprio Millôr, apenas a invenção do frescobol nas areias de Ipanema fosse digna de maior distinção. Mas foi o jornalista Sérgio Augusto quem melhor resumiu os múltiplos talentos do artista: Millôr foi o grande filósofo brasileiro.
O legado artístico do autor homenageado da Flip de 2014 continua reverberando por sinal.
Um conjunto de lançamentos que marca o centenário fala por si. Hoje, o Instituto Moreira Salles, que abriga o seu acervo gráfico, vai disponibilizar em seu site uma série de esboços sobre seu processo criativo.
A peça “A História é uma Istória”, com direção de Ernesto Piccolo, reestreia no Teatro Glauce Rocha, no Centro do Rio. No campo literário, está previsto o relançamento de 16 títulos do autor, entre poesia, teatro, aforismos e traduções.
Conhecido também pelos aforismos geniais, suas frases sofrem com o mesmo efeito já observado com Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu e Luis Fernando Verissimo, e se espalham pela internet, sendo falsamente atribuída a ele a autoria de muita coisa que circula na rede.